segunda-feira, 29 de junho de 2009

À minha mãe

Aqui no escuro,
Onde durmo sossegada,
Sinto
Um quentinho que adoro,
Uma mãe amada.

Os meus dias passam
Sem muito para contar.
Mas…
Hoje é diferente.
Tudo vai mudar.

Acordo mal disposta,
Na posição errada.
Quem
Se atreveu a virar-me?
A pôr-me zangada?

Não é justo!
O conforto foi-se.
Furiosa,
Estico uma perninha
E prego um coice.

Mas nada muda.
E não me consigo mexer,
Pois,
De pernas para o ar,
É difícil ver.

Mas, de repente,
À minha frente, o que vejo?
Será
Essa luz do dia,
Com que sonho e desejo?

A escuridão acabou,
E o quentinho também.
Com
A luz veio,
A voz de alguém.

Faço força então,
Quero me ir embora.
Mas…
Preciso de ajuda,
De alguém de fora.

Um segundo depois,
Vejo a luz estreitar.
Sinto
Duas mãos puxarem-me,
E deixo-me levar.

De repente, estou cá fora,
E a luz é ofuscante.
Oh!…
Mal consigo abrir os olhos,
É muito angustiante.

Mas finalmente lá o faço,
E deixo entrar o ar.
Não sem,
Com a boca escancarada,
Um grande berro soltar.

Colocam-me então,
De novo no quentinho.
Porque
Ao meu lado sinto
Outro corpinho.

Olho para cima,
Com o olho esbugalhado.
Rendida, vejo…
Uma senhora bem bonita
De olhar apaixonado.

PARABÉNS, MÃE!

sábado, 27 de junho de 2009